quinta-feira, 22 de maio de 2008

É um pássaro? É um avião?


Não, é a Super-Mulher-Motorista-Cobradora!


A alguns meses, creio que dois - para ser mais exata - a linha de ônibus 107 (Central - Urca) substituiu alguns de seus carros por carros sem espaço para o cobrador. Fazendo com que o motorista acumule as duas funções. E, por pegar esse ônibus diáriamente, começei a prestar atenção nos impactos que esta modificação/subtituição causou no já caótico percurso da conturbada viação.

A começar pelo ponto de ônibus. Não sei se realmente muita gente tem o que fazer na Urca, ou se é um ônibus do tipo coringa, mas não importa ONDE você queira pagá-lo o ponto sempre estará abarrotado de pessoas pouco - ou, por vezes, nada educadas. O fato é: há poucos carros na linha e, portanto, o tempo de espera médio é de 15 minutos. (O que talvez tenha alguma relação com a irritação das pessoas...)

Bom, depois da fila para entrar no ônibus, percebemos que não existe cobrador... e o motorista, pega o dinheiro, dá o troco, aperta o botão para liberar a roleta, vigia o trânsito e se preocupa com a hora, porque eles não tiveram uma margem de desconto com a substituição e continuam tendo de fazer Central - Urca em 10anosluz.

Mas ainda existem alguns carros que ainda possuem cobrador e foi nesse contexto que segunda-feira presenciei o seguinte diálogo entre o motorista (que deveria ter bem seus 60 anos) e a cobradora (MULHER):

                        - Caraca, ela já passou a gente. Corre cara, corre.
                        - Pode ficar tranqüila que eu vou prender ela no sinal.
                        - Como é que pode né, a mulher dirige e ainda cobra e passa antes da gente. É mesmo uma super-mulher essa aí. E ainda dirige hein...
                        - Ela ficou presa no sinal? Olha aí... (...) vou passar direto sem parar nos pontos pq aí eu fico mais longe.
                        - Não ficou no sinal... anda logo!
                        - Só vou parar no ponto se alguém quiser saltar...
                        - Incrivel mesmo...


Fiquei com essa conversa na cabeça, martelando por algum tempo, pensando sobre o que deve estar se passando na cabeça dessa cobradora - que evidentemente está se sentindo ameaçada de perder o emprego - vendo uma mulher motorista e cobradora sendo mais eficiente que ela.

Talvez por uma conspiração cósmica, na terça eu tive alguns afazeres que me obrigaram a pegar o devido ônibus em outro ponto e quem era meu motorista e meu cobrador? A tal mulher fantástica.  Resumindo bastante, de fantástica não tinha muita coisa... dava solavancos e raspava a marcha como qualquer outro motorista, não respeitava os sinais e corria bastante, como qualquer outro motorista. Mas, e daí o pulo do gato, não seguiu o mesmo itinerário que deve cumprir o ônibus da linha 107 (passar pela Senador Dantas). Ao invés de entrar na mal fadada rua (onde normalmente eu pego a condução) ela seguiu direto pela rua dos Arcos e entrou direto na Praia. Explicando toda sua eficiência do dia anterior.

Portanto, a idéia de retirar o cobrador do ônibus foi concretizada de maneira muito infeliz, ao menos nesse caso. O sistema funcionaria bem se todas as pessoas tivessem passes (vale-transporte) ou as catracas, como no Canadá, aceitassem moedas e emitissem o comprovante automaticamente (com o troco, se necessário).

Minha teoria, que pode ser encarada como sugestão, é de que deveria haver pontos de venda de bilhetes de ônibus (em bancas de jornal e/ou lojas, e na bilheteria do metrô) e os ônibus teriam que parar de aceitar pagamento em dinheiro. Só assim a fusão entre motorista e cobrador daria certo! Caso seja inviável, ou impensável implementar esse sistema, permaneçamos com os cobradores.

2 comentários:

Thaís Paiva disse...

Sua teoria capitalista demitiria uma quantidade imensa de funcionários, pobres cobradores!!

Enfim, mas como eu sei que essa é a tendência natural da vida, pelo menos no sistema econômico em que a temos vivido, deixo essa observação social de lado e passo a um comentário sobre a super-mulher-motorista-cobradora. Pelo que você descreveu, ela não só não tem nada de super como contribui para a crença generalizada de que mulheres são ruins de roda. Tudo bem que ela e os motoristas homens fazem exatamente as mesmas merdas, mas ninguém repara quando é um homem que faz besteira, já uma mulher... "olha lá, mulher no volante, perigo constante!!" Nós, mulheres, precisamos ser duas vezes melhores no volante pra calar esses comentários chauvinistas e escrotos. Tem muita motorista de ônibus, muita taxista por aí que coloca qq homem no chinelo. Quando à super-fake, proponho que a arranquemos do assento de motorista e demos uma "lição" nela. Garanto que resolve =p

Essa foi a alternativa nº1 para comentário. A nº2 é:

Pare de pegar o 107. Nada de bom vem dessa linha. Ande dois minutos até a sua casa. Esqueça o 107. Fine.

Bjs, amada =]

Anônimo disse...

Geralmente os mistérios que nos deparamos são coisas tão simples que não percebemos. Pensamos em teorias mirabolantes apra explicar oq está diante de nós.
Eu sei que o comentario tá muito away hauauha, mas foi oq veio a minha mente pertubada quando li isso. Se parassemos de reclamar tanto, a vida seria muito mais feliz. Em vez de se preucupar em como aquela mulher maravilha fazia tudo aquilo, o motorista e a copbraora, deviam perceber que mesmo nao sendo tao rapidos pelo menos eles trabalhavam acompanhados, a super mulher trabalha o dia todo sozinha.
Olhar as coisas boas de nossa vida é definitivamente algo importante que poucos sabem fazer