quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Nenhuma boa ação passa impunemente...

Da primeira fez que ouvi essa expressão sorri e ri e não entendi nada... Saí com aquela cara de auto-confiança fingida e segui meu caminho. Apenas hoje consegui compreender seu verdadeiro significado... Mário Prata tem uma crônica na qual fala sobre compreender o movimento da terra e o quão a expressão "pôr-do-sol" está equivocada. Acho que hoje, eu descobri o levantar da terra. Seis horas, Niterói, verão, ponto de ônibus em frente ao Plaza. Aguardava um ônibus para ainda mais longe e ouvia música, um pouco alte de mais para não ter de escutar as pessoas ao meu redor - ou para não ter de escutar a mim mesma... Entrei, sentei e dormi. O calor e o engarrafamento me acordaram e preferi só ficar cantando no meu *mute*. Alguns minutos depois, paramos e subiu uma senhora idosa. Imediatamente me levantei para dar lugar à senhora.
  • Acho que uma pequena pausa na história é necessária. Minha mãe sempre me educou para respeitar as pessoas e fazer gentilezas, mas ceder meu lugar na condução não é das coisas que eu faço por ser educada e sim por ser humana...
A senhora sorriu, constrangida por estar me "tirando do meu lugar" e sentou-se aliviada. Fiquei em pé por alguns minutos até que uma menina saltou. Devo ter ficado sentada por alguns minutos e um senhor, talvez mais idoso do que a senhora de antes e, sem dúvida alguma, bastante humilde, entrou no ônibus. Imediatamente me levantei novamente. O senhor me olhou sem compreender, hesitou e falou: Não precisa levantar, filha, eu sentava mais atrás. Sorri e insisti que ele tomasse o lugar. Gentilmente ele se ofereceu para segurar minha sacola de pão. Novamente não esperei muito e vagou o lugar atrás da cadeira dele. Sentei e pedi a sacola. Ele se virou, segurou o meu braço e disse: Muito obrigado. Segui viagem... cantando sem som e dançando dentro de mim mesma. Quando estava prestes a sair do carro o senhor se vira para mim e com suas mãos trêmulas, me dá três balas: menta, iogurte e doce de leite, me deseja um bom descanso e sorri - sem mostrar os dentes - com todo o rosto, enrugando os cantos dos olhos e o meio das bochechas. Aprendi algo hoje... ... que espero não esquecer.

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