"Não mãe, ela não tem nenhum problema psiquiátrico... podem fazer os exames que forem não encontrarão nada... o problema dela não é psiquiátrico."
TELEFONE
"Mãe?"
TELEFONE
"Mãe?"
TELEFONE
"Mãe, Dona Maria Cecília, estou em um elevador a senhora vai me deixar falar?"
TELEFONE
"Há leis hoje que não permite coisas assim, não adianta...'
TELEFONE
"Ela está sofrendo uma obsessão, todo mundo sabe, todo mundo vê isso."
TELEFONE
"Exatamente isso que Ele quer, Ele quer fazer a festa, é só a gente descuidar. Isso é obra do Inimigo e Ele quer exatamente isso, que enfurnemos ela num hospício aí mesmo é que Ele vai fazer a festa. É só o que Ele tá esperando, que a gente comece um tratamento qualquer."
TELEFONE
"Não podemos deixar isso, não vou permitir."
TELEFONE
"Estou trabalhando nisso. Vou entrar com um pedido judicial para que o NOME INCOMPREENSÍVEL fique com a guarda dela por enquanto até que isso...
*PIN* 6º Andar *SLOCHT* porta abrindo
"Dá licença?!"
E fui retirada da conversa antes de saber o que seria da menina, do espirito obsessor, do Inimigo, do Ele, do NOME INCOMPREENSÍVEL, da justiça e do hospício... fiquei sem saber onde terminaria aquela toca de coelho do absurdo.
Saí do elevador, no 7º, agradeci à ascensorista com a nítida sensação de que esta mulher já ouviu coisas que colocariam qualquer replicante de cabelo em pé e decidi que nunca mais falarei ao telefone no elevador.
Dessa experiencia tirei algumas lições: não se pode, por lei, colocar pessoas possuídas pelo Inimigo em hospícios, afinal é exatamente o que Ele quer; não se deve permitir que se dê a guarda de alguém para uma pessoa que acredita fielmente que um problema, se é que ele existe, é fundamentado no demônio.